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terça-feira, 16 de junho de 2009

Look in the Mirror


'You wasted all your chances
To find yourself lost and lonely
Were so foolish
You were selfish
Much too blind to realize
You messed up your own life...'


Dizem por aí que sempre temos escolhas na vida, não importa a situação que ela nos impõe.

E em alguns momentos da vida somos confrontados de forma tão incisiva que é impossível sequer sonhar com o luxo de continuarmos sendo os mesmos, com os mesmos pensamentos, atitudes, ideais e convicções. É um momento onde tudo que você vê se vê diante de si mesmo, deixando por terra todo juízo de valor feito por terceiros, todas as comparações e todas as certezas absolutas outrora adquiridas a tão duras penas. É daí que surge a falta de ar, os calafrios, o fato dos pés tocarem, mas não sentirem o chão, e da mente deixar esvair por breves instantes toda a lógica e a racionalidade com tanto esmero moldadas e com tanto cuidado armazenadas dentro de si. Neste momento nada importa, somente aquele majestoso espelho descendo até se encontrar em perfeita consonância com seus olhos e mente.

É nessas horas que dois caminhos são desenhados claramente diante de nossos olhos e nossos pés começam a se mover indepentendemente de qualquer vontade; a única escolha possível nesse momento é percorrer um caminho ou o outro. Cada qual com sua escolha, sua renúncia, sua consequência e seu novo horizonte repleto de novidades e as vezes algumas nostalgias.

Imagens, rostos, formas e cores se misturam numa dança eterna de sentimentos, sensações e emoções... quem diria. O tempo e espaço não servem como parâmetro mais, apenas devaneios repletos de ensinamentos preciosos e de exemplos a serem seguidos. Perdido em pensamentos me deparo finalmente com um rosto familiar. Um rosto que me remete á pureza, bondade e paz. Um rosto que pode fazer com que o mais decidido coração dê uma volta de 180º e contemple o outro lado de si mesmo. Olhos flamejantes com contorno tão peculiar parecem rasgar meu corpo e mente, entrando em contato direto com minha alma, visitando, modificando e limpando os cantos mais trancafiados e escondidos do meu ser, como se buscassem algo que acreditam estar adormecido em algum lugar daquele imenso universo chamado minha vida.

Aqueles olhos expressivos vagavam por todo o meu ser, sem encontrar nele sequer uma barreira. Uma alma exposta é como um espelho d'água que superficialmente revela apenas o exterior, mas que guarda tesouros inestimáveis dentro de si.

Aos poucos o ar retorna com ímpeto, trazendo consigo duras lágrimas que escorriam límpidas após tanto tempo, purificadas em sua fonte. A decisão havia sido feita; em tão poucos instantes tanta coisa se transforma... Como ondas que se congelam ao encontrar a superfície gelada, a alma se aquece e vibra movida por um novo amanhã.

O poder da sabedoria e do conhecimento de nada servem se contemplados por olhos altivos e coração frio. Penso que estas coisas foram criadas por Deus para produzirem frutos mútuos e coletivos; seria um egoísmo impensável reter para si algo que pode transformar a humanidade com o poder do Mjölnir*. De forma que a caridade e a graça vieram para o mesmo objetivo, mas que trabalham de forma suave e precisa, separando osso e carne, alma e espírito, como faria a lâmina inversa das sakabatou da era Bakusatsu.

Ao fim de tudo, nada resta apenas a dor. Não a dor extenuante e aguda como poderia o antigo eu colher da mais frondosa árvore de minhas memórias, mas a dor do aprendizado e da superação, a dor que todo ser deve passar para que se aperfeiçoe e venha a dar bons frutos.

Um hitokiri que se tornou um rurouni, um coração coberto de sangue convertido numa fonte de vida, luz e esperança. Um milagre para quem vê, um renascimento para quem vive.


'(Tempo que passou)
It's time to find Redemption
(Não vai mais voltar)
Only love defies the Resurrection'










Obrigado Senhor, por ter me permitido viver essa experiência.
Obrigado aos olhos expressivos, que souberam encontrar o que havia de melhor dentro de mim.
(...)



















'Its time you made your amends
Look in the mirror my friend'



















*Mjölnir: O Mjölnir (em português: aquilo que esmaga) é o martelo do deus Thor, da mitologia nórdica.

Até a segunda metade do séc XIX o japão vivia na era Bakusatsu, regido por um sistema feudal, dividido em mais de 200 províncias, administradas por Daimyos, sob o governo geral de um Shogun. Até que em 1867 ocorreu a revolução, instaurando uma nova era governada por um monarca, trazendo traços de regimes de governos ocidentais semelhantes aos de uma monarquia constitucional; foi o começo da chamada era Meiji

Durante a era Bakusatsu era comum a existência de samurais, que lutavam pelo governo e também hitokiris, que eram assassinos profissionais que trabalhavam tanto para o bem, quanto para o mal. Com o fim desta era e o começo da era meiji, e a proibição do uso das espadas, a maioria dos samurais e hitokiris se tornaram cidadãos comuns, aposentando as espadas e levando vidas pacatas, embora alguns deles tenham se tornado andarilhos (rurounis), e passaram a usar suas espadas para proteger as pessoas. Dessa forma, surgiram espadas (katanas) com o fio no lado inverso, permitindo que os ataques pudessem ser feitos sem que a vítima fosse atingida fatalmente, essas espadas são as sakabatou.

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